Celepar é referência em ações socioambientais no Estado 29/06/2011 - 16:30

O painel “Lixo e responsabilidade socioambiental” evidenciou a preocupação da Companhia de Informática do Paraná (Celepar) com as questões ambientais, principalmente com o que se convencionou chamar de TI (tecnologia da informação) verde. Ao encerrar o evento que integrou a programação do Mês do Meio Ambiente na empresa, o presidente Jacson Carvalho Leite falou que a companhia está desenvolvendo estudos para definir as melhores práticas no uso e descarte inteligente dos equipamentos eletrônicos, “quando inviáveis para doação aos programas sociais do governo do Estado”.

A Celepar, além de ser uma das pioneiras na gestão de resíduos sólidos e coleta seletiva com inclusão de catadores, hoje é referência na administração pública estadual nesta área. Em média, mensalmente a empresa doa à Associação Vida Nova de Catadores de Materiais Recicláveis, em Curitiba, três toneladas de produtos recicláveis, sendo 80% deste volume só de papel, “ação socioambiental que gera trabalho e renda para muitas famílias”, como destacou o presidente.

Estrela

Protagonista do documentário Lixo Extraordinário, indicado ao Oscar deste ano, Tião Santos, fundador e presidente da Associação dos Catadores do Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho, em Duque de Caxias (RJ) e representante nacional dos catadores de materiais recicláveis foi a “estrela” do painel realizado pela Celepar. Ele destacou a importância de eventos como este, “pois sensibilizam as pessoas quanto à importância da separação e destinação corretas do lixo”.

Para Santos, por mais que o país tenha índices elevados de reciclagem, por exemplo, 98% no caso das latinhas, “isso se dá pela pobreza e exclusão social e não pela consciência ambiental do povo brasileiro”, a questão do lixo precisa ser tratada com mais responsabilidade em nosso país. “Não existe dignidade na pobreza, e há muita pobreza nas áreas onde se concentram lixões e aterros”, emendou.

Tião Santos informou que o país perde anualmente R$ 8 bilhões por não possuir um sistema eficaz de coleta de lixo. De acordo com o painelista, além deste aspécto econômico, a reciclagem permite a inclusão social dos catadores e está diretamente ligada a questões de preservação ambiental.

Além deste três fatores importantes para que a sociedade aprenda a reciclar o lixo, na ótica dele, existe um quarto, “e talvez o principal” que ele chama de espiritual. “Quando você não separa na sua casa o seu resto, o que você rejeita, isso chega para mim assim no lixo, e é assim que me sinto, um resto, um rejeitado”.

Já no caso inverso, quanto acontece a separação e destinação corretas, “eu me sinto mais valorizado, ou seja, me sinto um catador de material reciclável e não um catador de lixo”. Para Tião Santos, o documentário modificou um pouco a forma da sociedade brasileira olhar para o catador, “mas ainda existe muito preconceito”.

Amiga de fé

Duas vezes na semana, a Associação Vida Nova de Catadores de Materiais Recicláveis que congrega 40 catadores, sendo nove carrinheiros e 31 recicladores, recolhe o material reciclado e separado na Celepar, como explicou a presidente Simone Renata Lisboa, para quem a Celepar, “além de ser a nossa maior fonte de renda, é a nossa parceira, nossa amiga do peito, nossa amiga de fé”.

Simone foi uma das participantes do painel “Lixo e responsabilidade socioambiental”, oportunidade em que, a exemplo de Tão Santos, falou que a sociedade ainda não reconhece os catadores, havendo muito preconceito. “A minha briga é ser chamada de lixeira. Nós não somos lixeiros, não. Somos catadores”, reclamou ela.

Neste sentido, a presidente da associação criticou a falta de participação popular na causa dos catadores. Atualmente, segundo ela, existem vários tipos de movimentos sociais em defesa de muitas causas, “porém, ninguém faz manifestação para o reconhecimento dos catadores. Deveria ter punição para as pessoas que tenham preconceito de nós”.

De acordo com Simone Lisboa, a maior dificuldade da associação e dos catadores em geral é serem aceitos e reconhecidos pelas organizações públicas e privadas “como bons parceiros na defesa do meio ambiente”. No final, ela arrematou: “a Celepar é um grande exemplo a seguido no Paraná”.

Trabalho em família

Presidente do Instituto Lixo e Cidadania, fundadora da Catamari (Cooperativa de Catadores e Catadoras de Curitiba e Região Metropolitana) e representante no Paraná do Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis, Marilza Aparecida de Lima estimou que apenas em Curitiba 100 mil pessoas vivem da coleta de resíduos, “pois é um trabalho que envolve a família toda”. No Brasil, segundo ela, este número passa de um milhão, “porém, organizados em associações só 80 mil. Os demais são catadores de lixão e rua”.

Durante a participação no painel, ela fez um apelo para que as pessoas façam a correta separação do lixo em suas casas. Na prática, de acordo com Marilza, esta simples ação cotidiana de cada cidadão vai gerar mais trabalho e renda para os catadores, “e nossos filhos vão sair da rua e vão ficar na escola”.

Marilza de Lima comentou ainda que a categoria luta por um bem maior que é o meio ambiente, “pois quando reciclamos, deixamos de tirar da natureza a matéria prima”. Ao finalizar sua participação, ela disse que a responsabilidade sobre o meio ambiente é de todos, “que pode começar com uma simples ação: a separação correta do lixo em casa”.

Ecocidadão

A experiência da cidade de Curitiba com o lixo foi apresentada no painel da Celepar pela coordenadora do projeto Ecocidadão da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Leila Maria Zen. Além de infraestrutura física, o projeto oferece espaços para classificação e comercialização do material coletado pelos catadores.

O Ecocidadão, como explicou Leila, garante um retorno ambiental, uma vez que o trabalho realizado nos parques de reciclagem diminui a quantidade de lixo descartado em rios ou esgotos por causa de separação de lixo realizada em locais impróprios. Segundo dados apresentados por ela, diariamente 1.880 toneladas de lixo são encaminhadas para o aterro e, deste montante, 554 toneladas são de material reciclado.

Contribuição

Consciente da sua responsabilidade socioambiental, a Celepar, com a realização deste painel que foi transmitido por webcast, espera ter contribuído para ampliar a compreensão das pessoas sobre a diversidade e complexidade das questões ambientais atuais e também sobre o que é possível ser feito para minimizar o impacto da vida moderna na natureza. “Se cada um fizer a sua parte, a sociedade como um todo vai ganhar”, finalizou o presidente Jacson Carvalho Leite.

GALERIA DE IMAGENS